O encontro, em 2003, da coreógrafa Lia Rodrigues com a Redes abriu novos horizontes para a consolidação das experiências de dança para os jovens moradores da Maré. O estreitamento da parceria da Redes da Maré com Lia Rodrigues e sua companhia foi o que possibilitou a criação da Escola Livre de Dança da Maré em 2011.
A Escola Livre de Dança da Maré realiza um trabalho de caráter continuado e atividades gratuitas, articulando dança, ações de formação e ações sócio educativas em torno de dois núcleos: um núcleo aberto a todos os moradores da Maré, de todas as idades, que oferece oficinas diversas; e um núcleo de formação em dança que oferece a 15 jovens, selecionados através de uma audição, uma formação diária, pratica e teórica, junto da Lia Rodrigues Companhia de Danças.
A Escola Livre de Dança da Maré é uma experiência de democratização e ampliação do acesso à arte, em especial à dança, aos moradores da Maré, como parte de um processo de garantia desse direito e de constituição destes como indivíduos e cidadãos.
A dança, assim como qualquer outra área do conhecimento e do saber, pode ser uma escolha profissional para jovens da Maré. É nisto que acreditam os bailarinos, coreógrafos e educadores da Escola Livre de Dança da Maré - inaugurada em outubro de 2011 com o objetivo de democratizar o acesso dos moradores à arte e à dança articulando ações de educação e profissionalização, formação de plateias e práticas socioeducativas.
A Escola Livre de Dança da Maré nasceu a partir de um sonho compartilhado entre a Lia Rodrigues Companhia de Danças e da Redes de Desenvolvimento da Maré e hoje atende gratuitamente cerca de 200 pessoas ao ano, entre crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Com sede no Centro de Artes da Maré - que desde junho de 2010 faz parte da rede de Pontos de Cultura - a Escola desenvolve atividades diárias, de caráter continuado e gratuitas. Oficinas, aulas teóricas e práticas abertas ao público e passeios culturais são algumas das ações realizadas pela Escola.
Em outra vertente do projeto, complementar a estas atividades, 15 jovens pré-selecionados frequentam atividades voltadas à profissionalização e à pesquisa de material criativo (oficinas práticas e aulas de dança com 4 horas diárias, cinco vezes na semana).
As atividades desenvolvidas por estes jovens estarão estreitamente interligadas à Lia Rodrigues Companhia de Danças, desde o processo artístico até seleção de alunos, escolha de professores e coordenação executiva do projeto. Este grupo recebe uma ajuda de custo para auxiliar na permanência das atividades, oriunda de doação da Fondation Hermès.
Além de ampliar o acesso à dança, a Escola se propõe a auxiliar na capacitação de jovens moradores locais em funções relacionadas à dança, como operadores de luz, som, cenotécnicos, figurinistas e produtores culturais.
A arte da dança é tratada neste projeto como forma de conhecimento. Assim, sua prática - a construção da técnica no corpo levando em conta seus aspectos motores, cognitivos e expressivos - é acompanhada pela reflexão teórica que permite contextualizar historicamente a produção artística e desenvolver a capacidade de reflexão crítica dos alunos diante da arte e da sociedade. A dança cumpre assim sua função, indo além de uma prática corporal, para inserir-se no conjunto de ferramentas de intervenção ética, criativa e solidária no campo social.
O acompanhamento da vida escolar dos integrantes da Escola de Dança da Maré é feito por meio de visitas à escola, comprovação de vínculo escolar, encaminhamento à rede de ensino daqueles que encontram-se fora do processo de escolarização e encaminhamento ao reforço escolar, quando necessário. Ao longo do projeto, a reintegração à Escola e a sua permanência com bom rendimento se tornará exigência obrigatória.
Além disso, a abordagem de questões relativas à cidadania, mobilização e participação comunitária, sexualidade, relações afetivas e familiares, entre outras, são consideradas básicas e de fundamental importância para a existência e desenvolvimento do ser humano sujeito social – construtor ativo de sua sociedade, grupo, comunidade.
Neste sentido trabalhar com um público amplo (crianças, adolescentes e adultos) da Escola Livre de Dança, em uma perspectiva de orientação em direitos sociais e cidadania, é desenvolver um processo de conscientização progressivo e contínuo, visando novas posturas em seus espaços de moradia e sociabilidade que devam servir à realização de ações futuras qualitativas em diversos aspectos e concretização de projetos de futuro.